Geopoéticas e novas epistemes

Práticas culturais como ações de resistência e intervenção social: conexões entre a dança caririense e mexicana

Responsável:

Alysson Amancio de Souza

Esta pesquisa internacional será desenvolvida no período de setembro de 2019 a fevereiro de 2020 na Universidade Nacional Autônoma do México e orientada pelo Professor David Gutiérrez Castañeda é um desdobramento da minha investigação de doutorado: A dança move a dança: territorialidades/ocupações/resistências no interior do Ceará, realizada no Programa de Pós Graduação do Instituto de Artes da UERJ na qual busco problematizar a existência e a (des) legitimação da dança muitas vezes vivenciadas em Juazeiro do Norte, Paracuru e Itapipoca, municípios interioranos do nordeste brasileiro.

O processo investigativo da pesquisa tem mostrado que a dança nessas três cidades movem a dança quando abrem possibilidades de pensar/fazer/dançar. A produção contínua de eventos, festivais, oficinas, palestras, o intercambio de artistas e professores, grupos de estudos, composições cênicas de performances e espetáculos abrem frestas e transformam ambientes nestes tempos de crises e ausências. Analogamente, podemos dizer que a própria dança move a dança quando há o investimento em processos formativos, a troca de saberes com diferentes experiências e o fomento de composições contemporâneas. Portanto, defendo que espaços livres de formação e criação em dança lutam contra a Colonialidade e permitem a continuidade da dança como corpo-ambientes de resistência e intervenção social.

Observo que no México a dimensão formativa da arte nos contextos de espaços culturais livres, não formais, são de artistas independentes que procuram subverter a precariedade e a falta de apoio governamental através de ações de resistências. Nessa perspectiva tais projetos que entrelaçam arte, educação, formação humana, sociedade são semelhantes as nossas vivências caririenses no interior do Ceará e compõem o vasto campo de estudos que abordo na escrita da tese.

Esta pesquisa integra o projeto Geopoéticas e Novas Epistemes: relações da arte e da Cultura na contemporaneidade e aborda questões, tais como: Colonialidade, decolonialidade, invisibilidade e sobretudo o processo de exclusão nos quais muitas cidades do interior, ambientes descentralizados, são intensamente submetidos. Uma reflexão sobre artistas e produções culturais que se inscrevam em outros circuitos e se façam construir a partir de ações independentes, de insurgências e resistências.

Desse modo não temos dúvidas que investigar as experiências mexicanas, estabelecer as conexões com os projetos culturais caririenses, aproximar estas territorialidades, certamente irá contribuir para potencialização de ambas e indubitavelmente nos referenciará para a escritura de Geopoéticas e Novas Epistemes para nossa pesquisa realizada no PPGARTES.