Políticas da memória: estudos sobre colonialismo e pós-colonialismo na América Latina

Responsável:
O projeto dá continuidade e aprofunda aspectos do projeto Arte e história na contemporaneidade: implicações políticas, desenvolvido com o apoio das bolsas Prociência (Uerj-Faperj) e Produtividade (CNPq). Desenvolvido dentro do Programa de Pós-graduação em Artes (PPGArtes-UERJ) e como parte do Programa Capes de Internacionalização intitulado Geopoéticas e Novas Epistemes: Relações da Arte e da Cultura na Contemporaneidade, em convênio com a Universidade Nacional Autônoma, do México, as Universidade Nacional San Martín e Universidade de Buenos Aires, da Argentina, e a Universidade da Califórnia/Berkeley, nos Estados Unidos, o projeto pretende ser um intervalo de reflexão capaz de ativar respostas em arte ao momento histórico em que vivemos, sobretudo no que diz respeito ao cenário latino-americano, marcado pela discussão sobre o legado colonial, o pós-colonialismo e o processo de descolonização do poder e do conhecimento.
Partindo das pesquisas que geraram as publicações e participações em eventos registrados na Plataforma Lattes, e que se pode resumir na prática teórica de ativar a transversalidade entre arte e história, pretende-se desdobrar o projeto, que recai na prática de ativação crítica de obras e eventos artísticos, que estejam perpassados pelos discursos de história, enquanto discursos de memória e trauma, especialmente daquelas obras e projetos marcados pela violência das ditaduras na América Latina, diretamente ligadas aos debates e teorias pós-coloniais.
Como escreveu Andreas Huyssen, há um elo complexo entre a política racial nazista, o Holocausto e a violência colonialista. No caso dos países da América Latina, que já têm mais de duzentos anos de independência, não caberia falar de colonialismo agora, mas de acordo com as teorias desenvolvidas a partir dos anos 1970, de pós-colonialismo, cuja ênfase está nas marcas deixadas nas sociedades independentes, as quais construíram seus processos de modernidade sob os rastros da violência colonial. Essas marcas se revelam na permanência das relações escravistas, nas relações raciais, de identidade de gênero, já abordadas em alguns dos artigos publicados.
Interessa-nos, assim, também, observar projetos e obras dos anos após 1980, quando os estudos sobre a memória ganham densidade teórica, mas também voltam-se para as práticas que relacionam memória e direitos humanos, abrindo novos caminhos na sociedade pós-utópica, seja para a ação dos grupos e comissões de memória e justiça, seja para as ações artísticas relacionadas à memória do trauma colonial que se reativa enquanto marcas pós-coloniais durante o período das ditaduras e que, muitas vezes, veladamente ou abertamente, ainda são identificadas nesse novo milênio, sobretudo nos últimos anos.